Leishmaniose

 

Introdução:

A leishmaniose é uma doença de caráter zoonótico que acomete o homem e diversas espécies de animais silvestres e domésticos, com distintas formas clínicas na dependência da espécie de leishmania envolvida e da resposta imune do hospedeiro. É uma doença causada por protozoários parasitas do gênero Leishmania e transmitida através da picada de certos tipos de flebotomíneos. A doença pode se apresentar de três maneiras: leishmaniose cutânea, mucocutânea ou visceral. A forma cutânea apresenta úlceras dérmicas, enquanto a forma mucocutânea apresenta úlceras na pele, boca, nariz. A forma visceral pode começar com úlceras dérmicas e, posteriormente, febre, número reduzido de hemácias e baço e fígado aumentados.

 

 

Transmissão:

As infecções em seres humanos são causadas por mais de 20 espécies de Leishmania. Dentre os fatores de risco estão: pobreza, desnutrição, desmatamento e urbanização. Todos os três tipos podem ser diagnosticados mediante pesquisa do parasita na biópsia em microscópio. Além disso, o diagnóstico da forma visceral pode ser feito por meio de exames imunológicos.

 

 

Sintomas:

·         Manifestações clínicas nos animais:

Embora a maioria dos animais infectados encontre-se em ótimo estado geral, em cães sintomáticos as manifestações clínicas da doença podem ser inespecíficas e incluir febre, anemia, emagrecimento e caquexia em seu estágio final. Pode-se observar também infoadenomegalia, hepato e esplenomegalia. As alterações dermatológicas são as manifestações clínicas mais comuns da leishmaniose visceral canina e podem ocorrer na ausência de outros sintomas.

Observa-se queda de pêlos levando à formação de áreas de rarefação pilosa ou alopecia, descamação cutânea e presença de ulcerações localizadas ou difusas. A forma cutânea clássica da leishmaniose visceral caracteriza-se por uma dermatite esfoliativa não pruriginosa, com presença de escamas brancas prateadas.

·         Manifestações clinicas em humanos

Em seres humanos a forma assintomática da doença, comum na maioria dos indivíduos de área endêmica, caracteriza-se por indivíduos sem história clínica aparente, mas com reações sorológicas positivas e frequentemente reativos ao teste intradérmico de Montenegro. A forma clínica mais frequente é caracterizada por febre baixa recorrente, tosse seca, diarréia, sudorese e prostração. Formas amastigotas do parasito podem ser encontradas principalmente em baço, linfonodo e órgãos hematopoiéticos.

A forma crônica ou clássica é uma forma de evolução porlongada da doença, com desnutrição protéico-calórica, presença de edema generalizado, abdome aumentado em função da hepatoesplenomegalia. O emagrecimento é progressivo e leva o paciente à caquexia acentuada. É comum a ocorrência de dispnéia, cefaléia, dores musculares, perturbações digestivas, epistaxes e evolução para o óbito se o paciente não for submetido ao tratamento específico.

 

Prevenção

No Brasil, data de 14 de março de 1963 a publicação do Decreto Lei no. 51.838, que estabelece normas técnicas especiais para o combate às leishmanioses. Dentre as medidas exigidas encontram-se a realização de inquéritos epidemiológicos para identificação de cães infectados com sua posterior eliminação, campanhas sistemáticas contra os flebótomos nas áreas endêmicas e tratamento dos casos humanos.

A eliminação de cães domésticos apresenta o menor suporte técnico-científico entre as três estratégias do programa de controle. O grande atraso de tempo entre a coleta do sangue, o diagnóstico e a eutanásia do cão, é um dos pontos contestados e que seguramente gera falhas no controle da leishmaniose visceral. Outro fator a ser considerado é a elevada taxa de reposição canina após a retirada de cães infectados para a eutanásia.

A prevenção parcial da leishmaniose se dá dormindo embaixo de cortinados tratados com inseticida. Outras medidas são borrifar inseticida para matar os flebotomíneos e tratar os portadores da doença assim que possível para impedir disseminação mais ampla. O tratamento necessário é determinado pelo local onde a doença é adquirida, a espécie de Leishmania e o tipo de infecção. Alguns possíveis medicamentos usados para a doença visceral utiliza a combinação de antimoniais pentavalentes, anfotericina b, paromomicina, e miltefosina. Para a doença cutânea, também são utilizados antimoniais pentavelentes, além de anfotericina b, paromomicina ou pentamidina podem ser eficazes em certos casos.

 

Áreas de Risco:

Área Urbana do Município de Nepomuceno, na qual no ano corrente de 2018 foram notificados 4 casos suspeitos da doença Leishimaniose Canina Visceral, sendo confirmados 2 casos por exames sorológicos (método de enzimaimunoensaio).

Desenvolvimento

·         Vigilância no cão:

–  Definição de caso:

* Caso Canino Suspeito:

 Todo cão proveniente de área endêmica ou onde esteja ocorrendo surto, com manifestações clínicas compatíveis com a doença (febre irregular, apatia, emagrecimento, descamação furfurácea e úlceras na pele, em geral no focinho, orelhas e extremidades, conjuntivite, paresia do trem posterior, fezes sanguinolentas e crescimento exagerado das unhas).

* Caso Canino Confirmado:

1- Critério laboratorial: cão com manifestações clínicas compatíveis com leishmaniose visceral e que apresente teste sorológico reagente e/ou exame parasitológico positivo.

2- Critério clínico epidemiológico: todo cão proveniente de áreas endêmicas ou onde esteja ocorrendo surto e que apresente quadro clínico compatível de leishmaniose visceral canina (LVC) sem a confirmação do diagnóstico laboratorial.

3- Cão Infectado: Todo cão assintomático com sorologia reagente e/ou parasitológico positivo em município com transmissão confirmada, ou procedente de área endêmica.

·         Ações de Vigilância: As ações de vigilância sobre o reservatório canino deverão ser desencadeadas, conforme descrito:

• Realizar alerta ao serviço e à classe médica veterinária, quanto ao risco da transmissão da leishmaniose visceral canina – LVC; • Divulgar à população sobre a ocorrência da LVC na região e alertar sobre os sinais clínicos e os serviços para o diagnóstico, bem como as medidas preventivas para eliminação dos prováveis criadouros do vetor;

• Para o poder público, desencadear e implementar as ações de limpeza urbana em terrenos, praças públicas, jardins, logradouros entre outros, destinando de maneira adequada a matéria orgânica recolhida.

• Na suspeita clínica de cão, delimitar a área para investigação do foco.

 
Conclusão

As medidas preventivas foram realizadas com a eutanásia dos dois casos suspeitos e confirmados. Por se tratar de uma doença de notificação obrigatória, todo caso suspeito deve ser notificado ao setor de vigilância epidemiológica e ao controle de endemias.

 
Referências Bibliográficas:

Brasil, 2006. Ministério da Saúde. Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilancia_controle_leishmaniose_visceral.pdf

 

Marcondes, M. Leishmaniose Visceral.  Disponível em: https://www.crmvsp.gov.br/arquivo_zoonoses/LEISHMANIOSE_SERIE_ZOONOSES.pdf